Lenda americana que transformou a cultura popular e vendeu mais de um bilhão de discos no mundo, Elvis Presley morreu em 16 de agosto de 1977. Sua voz e estilo únicos combinaram R&B, blues, country, gospel e rock’n’roll, desafiando as barreiras sociais e raciais do seu tempo. E, mesmo 40 anos após a morte, ele permanece como um dos artistas mais completos e rentáveis do mercado.
Poty Fontenelle - professor de regência, canto e coral da Universidade Estadual do Ceará (Uece) - explica que o menino nascido no Mississippi conseguiu sedimentar o “conceito de corpo e voz”. Integravam esse conjunto os cortes de cabelo, a roupa característica, os automóveis e, claro, as danças insinuantes.
“Já no fim dos anos 1970, apesar do visível declínio do corpo, a voz dele fica mais aprimorada e passa a servir de modelo de canto. Muita gente tenta ter uma postura vocal idêntica a do Elvis”, explica Poty, que também leciona Coro Cênico na Universidade Federal do Ceará.
Os conservadores ficaram atentos à rebeldia de Elvis e à sua dança provocante com movimentos de quadris e pernas. Ele cruzou a linha racial em um momento em que o fantasma da segregação ainda pairava sobre o sul dos Estados Unidos. “Mais preocupante para muitos brancos foi a forma como ele se apropriou da música afro-americana e a apresentou como dominante”, afirma Ted Harrison, britânico que escreveu duas obras sobre Elvis.
Quando o cantor morreu, aos 42 anos, ama enorme comoção levou milhares de pessoas ao redor da mansão Graceland, a residência do astro no estado de Tennessee. O rock perdia sua primeira grande estrela e o cenário era de calor sufocante, desmaios, gritos. Nas lojas de discos, ao redor do país, pessoas invadiam balcões e arriscavam brigas ferrenhas para garantir os últimos exemplares das prateleiras.
Em apenas um dia foram vendidos 250 mil unidades do álbum Moody Blue, último disco lançado em vida pelo artista. As unidades de produção fonográficas trabalharam dia e noite para alimentar a sede voraz dos fãs.
Apesar de continuar como um produto vendável e um forte influenciador musical - acredita o professor Poty Fonetelle - não é possível dizer que as canções do astro permaneceram sendo ouvidas como as obras de outros artistas. “Eu fico impressionado como os Beatles são cinco ou dez vezes mais presentes do que Elvis”, aponta.
O cantor, no entanto, ainda é considerado o artista mais vendido de todos os tempos e, em 2016, a revista Forbes o classificou no quarto lugar na lista das celebridades falecidas com maior receita, com US$ 27 milhões. Já para Ted Harrison, autor do livro A Morte e Ressurreição de Elvis Presley (inédito no Brasil), o astro é a única pessoa dos tempos modernos que é reconhecida imediatamente pelo primeiro nome. “Você diz ‘Elvis’ em Pequim, Nicarágua, Estônia ou Fiji e todo mundo sabe de quem você está falando, além de todos os idiomas e culturas”, aponta o escritor.
Fonte: http://www.opovo.com.br