Imagens mostram corredores lotados do Hospital Getúlio Vargas (HGV). Paciente conta que precisou dormir numa cadeira.


Corredores lotados, pacientes internados dormindo em cadeiras e acompanhantes tendo que realizar atividades de auxiliar de enfermagem. Essa foi a situação que a equipe de reportagem do NETV 2ª Edição encontrou no Hospital Getúlio Vargas (HGV), localizado na Zona Oeste do Recife, neste sábado (19). (Veja vídeo acima)
Além dos leitos todos ocupados, pessoas em pé e uma grande circulação de gente na ala da emergência. A cena se agravou nos corredores do hospital. Pacientes amontoados e numa situação nada confortável.


Quem estava como acompanhante também foi obrigada a atuar como enfermeiro. A parente de uma pessoa internada, que pediu para não ser identificada, contou que precisou trocar os curativos do avô.
“Eu coloquei a luva e fui tirar o curativo do meu avô. Eu fui puxando devagar, puxei, ele [médico] olhou para o pé do meu avô e me deu as costas. Perguntei: ‘doutor, e o processo dele, como é que vai ficar? Ele, simplesmente, olhou para minha cara e falou que não podia fazer nada, que tinha que aguardar. Ele [avô] tem 89 anos e está aqui desde terça-feira precisando de uma cirurgia. Ele sofre de diabetes, pressão alta e está sem comer. O que o médico me respondeu é que colocaria uma sonda para meu avô se alimentar. Ele disse que só podia fazer isso porque o corredor está cheio e todos os pacientes estão esperando”, conta.
A direção do hospital não permitiu a entrada da reportagem. A câmera nem pôde ficar na recepção. Nenhum funcionário quis gravar entrevista. As imagens da parte interna da unidade de saúde foram feitas por acompanhantes de pacientes.
O funileiro Denilton Oliveira ficou internado por um dia. Ele diz que dormiu em uma cadeira. “O transtorno aí dentro está grande. Tinha quarto, mas com muita gente dentro, muita gente dentro mesmo. Eu passei a noite sentado na cadeira e tomando medicação. Não tem cama, não tem maca, não tem nada. A gente paga nossos impostos, contribuiu e quando precisa não tem. Assim fica difícil”, apontou.
Já Maria de Lurdes está no HGV há uma semana acompanhando a sogra. A dona de casa relatou que esses dias foram os piores que ela já viveu. “Ela está aguardando uma vaga para cirurgia vascular. Tem muita gente no corredor da emergência precisando de cuidado médico e nada. Muita gente sofrendo, idosos. Só Deus para ter misericórdia aqui”, afirmou.
Resposta
Por meio de nota, a diretoria da unidade de saúde reconheceu que há uma grande demanda de pacietes no HGV e que, apesar da super lotação, o "serviço está funcionando em sua plena capacidade, com todos os leitos disponíveis, assim como seus blocos cirúrgicos". Confira abaixo a íntegra do texto:
"A direção do Hospital Getúlio Vargas (HGV) reconhece a grande demanda de pacientes na emergência da unidade, motivada, principalmente, por se tratar de uma instituição de grande porte, referência para diversas especialidades de urgência e emergência, inclusive trauma. Mas ressalta que, apesar do grande quantitativo de pacientes, o HGV mantem suas portas abertas e não recusa nenhum usuário, garantindo a assistência a todos que dão entrada na emergência, com prioridade para os casos mais graves e conforme as orientações das equipes médicas.
A direção esclarece, ainda, que o serviço está funcionando em sua plena capacidade, com todos os leitos disponíveis, assim como seus blocos cirúrgicos. E vem trabalhando, junto à Secretaria Estadual de Saúde (SES) para agilizar exames, cirurgias e demais procedimentos com o objetivo de aumentar a rotatividade dos leitos. Além disso, a unidade está em contato com a Central de Regulação para realizar o encaminhamento de pacientes para outros serviços de referência de acordo com o caso.
Além disso, é importante ressaltar que o Governo do Estado tem atuado com muita determinação para reforçar a mão de obra especializada na rede estadual de Saúde, bem como para valorizar estes profissionais. Prova disso é que nesta gestão foi realizada a maior convocação da história da Saúde em Pernambuco. Ao todo, já foram convocados, desde 2015, mais de 5,4 mil profissionais concursados, de todas as categorias médicas e não-médicas. Só para o HGV, foram chamados mais de 300 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais de nível técnico e superior."
Fonte: http://g1.globo.com/pernambuco