A Lição passada e a de hoje estão intimamente relacionadas, visto que ambas se baseiam no mesmo contexto de Efésios 6, sobre a batalha espiritual contra o reino das trevas. Como dissemos no estudo anterior, aquela Lição era uma introdução para esta. Lá falamos sobre os inimigos contra quem combatemos; aqui falaremos sobre os recursos com que combatemos, a partir da metáfora militar usada pelo apóstolo Paulo na carta aos crentes de Éfeso. Sem estes recursos, estamos desprotegidos e suscetíveis aos impiedosos ataques do inimigo de nossas almas.
Antes de prosseguirmos, gostaria de te apresentar um conteúdo que pode lhe ajudar a melhorar suas aulas na Escola Bíblica Dominical. O curso produzido pelo Instituto Mundo Bíblico chama-se Bacharel Livre em Teologia.

I. A guerra

1. Um assunto muito antigo

Desde os tempos dos personagens veterotestamentários até os nossos dias se tem ouvido falar de guerras por todo o mundo. A maioria delas, fruto da ganância e maldade no coração dos homens; algumas, conduzidas pelo Senhor para impor derrota aos seus adversários e adversários do seu povo eleito. Desde os dias de Moisés, o povo de Israel estava acostumado com batalhas e pelejas, isto é, no sentido literal da palavra. Quem não se lembra, por exemplo, daquele episódio em que os amalequitas pelejaram contra os hebreus em Refidim, e Arão e Hur seguravam as mãos estendidas de Moisés sobre o monte para que o povo de Deus continuasse vencendo a batalha? (Êxodo 17.8-13). Este é apenas um exemplo, dentre dezenas!

O próprio Deus de Israel é apresentado nestes termos no cântico de Moisés: “O SENHOR [Yavé] é varão de guerra; SENHOR [Yavé] é o seu nome” (Êx 15.3). Se os gregos nos dias do apóstolo Paulo criam que Atena era a deusa da guerra, os hebreus acertadamente exaltavam ao único Deus, o verdadeiro varão de guerra que impõe derrota a todos os seus inimigos! De fato, a antiga hinódia dos judeus estava repleta de referências ao Deus que batalha as batalhas de seu povo e lhes dá vitória.
De todos nós são conhecidos estes versos do salmo dos coraítas: “Vinde, contemplai as obras do Senhor; que desolações tem feito na terra! Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra” (Sl 46.8-10).
Ao rei de Judá, o piedoso crente Josafá, quando temeroso pelas ameaças dos moabitas e dos amonitas, Deus lhe assegurou por meio de uma palavra profética: “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco” (2Cr 20.17). Naquele episódio, os inimigos do povo de Deus “foram desbaratados” (v.22) e se autodestruíram (v. 23).

2. Uma nova cultura de paz

Nos tempos neotestamentários já não mais os judeus moviam guerra contra povos estrangeiros, pois era o grande império romano que dominava o mundo, e havia o que a literatura chama de pax romana, isto é, um longo período de paz propiciada pelo império romano. O próprio povo de Israel estava sob dominação dos romanos.

Enquanto no Antigo Testamento, Yavé movia seu exército para batalhar contra povos adversários, e essas batalhas eram realmente físicas e violentas, no Novo Testamento, com a revelação do Filho de Deus e a verdade e a graça que nele tiveram uma manifestação plena (Jo 1.17), somos chamados à uma cultura de pacificação (Mt 5.5,9), de tolerância para com os adversários (Mt 5.38-41) e de amor para com os inimigos (Mt 5.43-48).
Não somos chamados à uma luta armada, mas à pregação do evangelho a toda criatura (Mc 16.15) e em todas as nações (Mt 28.19), e à prática da oração por “todos os homens” (1Tm 2.1). Mesmo quando somos injustiçados e tentados a fazer guerra, o mandamento evangélico é: “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor” (Rm 12.9, NVI). Em Cristo, nossas beligerâncias precisam dar lugar à “paz que excede todo entendimento” (Fp 4.7). Igualmente imprescindíveis são o amor e paciência: “Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo” (2Ts 3.5).

II. A metáfora bíblica

A despeito de tudo o que dissemos no tópico anterior, permanece verdadeiro que continuamos hoje a travar batalhas diárias em meio a uma guerra que só findará por ocasião de nossa morte ou da vinda de Jesus Cristo – o que acontecer primeiro. Todavia, apesar de termos prenúncios bíblicos de que guerras violentas existirão entre os povos até os tempos do fim (Dn 9.26; Mt 24.6 – “é necessário que isso aconteça”, disse Jesus), as batalhas da Igreja não são carnais, mas espirituais. O mundo prosseguirá em guerra carnal, física, violenta (não temos visto isso no Oriente Médio?), mas a Igreja deve seguir lutando contra todas as “hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). É neste sentido espiritual que Paulo discorre no sexto capítulo da carta aos Efésios sobre o “equipamento de guerra” que a Igreja deve munir-se.

1. A armadura do soldado romano

Paulo era um homem muito perspicaz, e gostava de retirar lições espirituais das coisas ou assuntos cotidianos. Veja-se, por exemplo, quando ele faz a comparação entre a disciplina do atleta e a disciplina espiritual do cristão (1Co 9.25-27; 2Tm 2.5); ou ainda o soldado que não se embaraça com as coisas desta vida, dedicando-se ao seu chamado (2Tm 2.4) ou o lavrador que após o trabalho e a espera paciente, goza dos seus frutos (2Tm 2.6). Se Jesus usava muitos discursos parabólicos, tomando os fatos do dia a dia como ilustrações para os assuntos do Reino, Paulo recorreu frequentemente às metáforas com a mesma finalidade. Assim ele o faz quando toma a armadura do soldado romano como uma ilustração para nosso preparo e empenho nas batalhas espirituais diárias.
William MacDonald faz pertinente comentário introdutório a este contexto:
É provável que enquanto Paulo escrevia essa epístola fosse vigiado por um soldado romano vestido com sua armadura. Sempre pronto a ver no reino natural uma lição espiritual, ele faz a seguinte comparação: estamos cercados por inimigos formidáveis; devemos tomar toda a armadura de Deus, para podermos resistir quando o conflito atingir a sua mais intensa ferocidade. [1]

2. Os limites da metáfora

Ao dizer que devemos nos vestir de “toda a armadura de Deus” (panoplia tou theou, no texto grego, Ef 6.11,13), Paulo está partindo da panóplia romana, isto é, a armadura completa. Como destaca o Dicionário Bíblico Wycliffe, “a palavra panoplia (…) é uma fusão de duas palavras gregas, pan (toda) e hopla (armas), e se refere ao equipamento completo de combate de um soldado” [2].

Apesar de comentaristas bíblicos apontarem para o fato de que Paulo omite algumas peças da armadura do soldado romano [3], como por exemplo a lança, o punhal e as grevas (parte da armadura que cobria as pernas, dos joelhos aos pés), devemos notar que as peças da armadura a que Paulo faz menção cobrem o corpo da cabeça (capacete da salvação) aos os pés (sandálias da preparação do evangelho da paz). Ou seja, o corpo inteiro está protegido! Portanto, são todas as armas suficientes para nos garantir resistência e vitória.
Em face disso, destacamos que as metáforas nunca devem ser interpretadas rigidamente. Observe que em 2Tessalonicenses 5.8 a couraça é da fé e do amor, enquanto aqui (Ef 6.14) é de justiça. Paulo poderia empregar livremente esta metáfora, até mesmo alterando a sua aplicação conforme a necessidade o pedisse. Não seria estranho se ele dissesse em outro momento que o escudo é a Palavra de Deus, ou que deveríamos tomar o “capacete da fé”. Como ressalta o pastor congregacional Martyn Lloyd-Jones, “não devemos ser demasiadamente mecânicos nas interpretações, ou começar a pensar que o apóstolo está se contradizendo. A preocupação do apóstolo é no sentido de que compreendamos a importância destes diferentes aspectos da nossa guerra espiritual, e que compreendamos que Deus fez uma provisão especial para cada parte em particular, bem como para o todo” [4].

3. A armadura de Deus

O profeta Isaías fez menções ao Senhor como um poderoso guerreiro que veste sua armadura para pelejar contra os homens malignos e trazer vitória ao seu povo. Diz por exemplo que “a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins”(Is 11.5), ou que o Senhor “vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura de vingança  se cobriu de zelo como de um manto” (Is 59.17).

Devido seu profundo conhecimento das Escrituras, cremos que não só a armadura romana estava sob as vistas do apóstolo Paulo, mas também a armadura de Deus estava em sua mente quando escreveu aos efésios. Ela é armadura de Deus porque Deus está vestido dela, visto que seu caráter é totalmente santo, justo, verdadeiro e fiel. E é armadura para nós porque necessitamos dessa provisão divina, dessa semelhança do caráter de Deus, para podermos em Cristo ser mais que vencedores (Rm 8.37). Ao homem não é possível sozinho vencer as tentações e ataques do maligno, visto que o diabo é mais forte que nós e suas tentações são avassaladoras sobre o homem carnal. Somente de Deus vem a provisão que nos é necessária! Por isso o apóstolo nos diz noutro momento: “Deus… dará também o escape, para que possais suportar [a tentação]” (1Co 10.13).

III. Outras armas usadas como ilustração

Segundo Willard Taylor, há uma lógica na sequência dos equipamentos da armadura descritos por Paulo em Efésios 6.14-17, já que aquela era a ordem na qual o soldado as colocava [5]. Ainda que no sentido espiritual, devamos nos revestir dessas ferramentas simultaneamente, seguiremos a ordem do texto bíblico na descrição de cada peça.

1. Cinturão da verdade (v. 14)

A primeira parte do equipamento provavelmente é uma referência ao avental de couro colocado abaixo da armadura, para firmar a roupa do soldado. Não devemos pensar neste cinto ou cinturão como o que os homens usam hoje (que são bem mais discretos). A imagem ao lado ilustra melhor o cinturão dos soldados romanos.

No sentido espiritual estamos diante de um item ético [6] necessário a todo cristão: a verdade. Sabemos que o pai da mentira é o diabo (Jo 8.44), e que Cristo é a verdade (Jo 14.6), e que estamos proibidos de mentir uns aos outros (Cl 3.9). Ainda na carta aos Efésios, Paulo já havia exortado: “deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo” (Ef 4.25). Assim como o cinto servia para manter a roupa do soldado bem ajustada, “a verdade contém a coesão de tudo e refere-se à integridade do cristão” [7].
Crentes que andam com mentira em sua boca ou que dão ouvidos à mentira, tendo a obrigação de examinarem todas as coisas, serão devidamente responsabilizados diante de Deus! Infelizmente os tais já têm perdido a batalha contra o diabo, fazendo-se um aliado seu. Que nossas palavras faladas ou escritas sejam orientadas pelo que é verdadeiro; longe de nós boatos; longe de nós conversa dúbia; longe de nós dissimulação; longe de nós fake news… Vistamos o cinturão da verdade!

2. Couraça da justiça (v. 14)

A palavra grega para couraça é thorax, e é bem sugestiva a nós de língua portuguesa, já que o tórax é a parte do corpo que vai do pescoço até o umbigo onde as costelas terminam. A thorax dos soldados romanos referia-se justamente à couraça, isto é, ao equipamento “que consistia de duas partes, chamadas “asas”. Uma delas cobria a região inteira do peito, a parte frontal do tórax, protegendo os órgãos principais da vida, ali contidos (especialmente o coração). E a outra parte cobria parte das costas. Veja ilustração ao lado. Segundo Keener, a couraça era normalmente confeccionada de couro sobreposto com metal. [8]
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Novamente estamos diante de um item da armadura que, na linguagem paulina, aponta para outra virtude ética do cristão: a justiça ou retidão. Como a couraça protegia órgãos vitais (coração, pulmões) e as entranhas no abdome (que, segundo imaginário popular antigo, representavam a sede dos afetos e das emoções), assim também o justo proceder preserva nossos sentimentos, afetos, consciência, desejos e vontade. A sabedoria divina nos instrui: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). O Salmo 15 é a garantia de que somente os justos estarão diante de Deus na eternidade: “SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração. Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo (…)” (v. 1-3).
É justo que se comprarmos, paguemos; é justo que ofereçamos testemunho verdadeiro sobre as pessoas; é justo que repreendamos os filhos quando errarem, mas os elogiemos quando acertarem; é justo que filhos obedeçam aos seus pais no Senhor (Ef 6.1); é justo que honremos ao Senhor em nossas igrejas com dízimos e ofertas, já que da igreja nos alimentamos espiritualmente; é justo que tomemos a carga de nossos irmãos e os ajudemos a prosseguir; é justo que perdoemos, visto que formos perdoados; é justo que sejamos fiéis aos nossos votos matrimoniais, mesmo em face da pobreza, da escassez e de outros revezes, já que isto foi o que prometemos diante de Deus, do juiz e das testemunhas; é justo que paguemos impostos e trabalhemos pelo desenvolvimento social e econômico de nosso país… Que acusação do diabo poderá prevalecer contra nós se tivermos a proteção da justiça em nosso coração?

3. As sandálias da preparação do evangelho da paz (v. 15)

Segundo Keener, os soldados romanos precisavam calçar sandálias ou botas (tecnicamente, a caliga romana, uma semibota) para avançar rumo ao inimigo sem se distrair com qualquer coisa em que viessem a pisar. Eram componentes essenciais da “preparação” antes da batalha. Taylor acrescenta que essas sandálias militares eram confeccionadas para proteger os pés e capacitar o soldado a manter o equilíbrio em terrenos acidentados.

Novamente Paulo devia ter em mente o texto do profeta Isaías, em que ele falava “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: o teu Deus reina” (Is 52.7). Sabemos que no Novo Testamento as boas novas são o evangelho, e este evangelho é o anúncio da paz que Deus está firmando com o mundo através da propiciação oferecida por Cristo na cruz do Calvário (2Co 5.19; 1Jo 2.2). Calçar as sandálias do evangelho da paz, preparando-nos para a batalha espiritual, é buscar do evangelho o apoio e a estabilidade para nossa vida; e ao mesmo tempo andar e avançar em direção às trincheiras de satanás, para tomar-lhe de suas cadeias vidas preciosas por quem Jesus morreu e quem ele deseja dar redenção! (2Tm 2.24-26).

4. Escudo da fé (v. 16)

A palavra grega para escudo neste texto é thureos, que era um escudo quadrilongo, isto é, de quatro cantos. Segundo Champlin, o thureos era feito de madeira e recoberto de couro; seu nome se deriva da palavra ‘thura’ que significa ‘porta’, visto que se assemelhava a portas de tamanho comum, quanto à sua forma [9]. Ryre informa esse escudo media 0,75 x 1,2m [10], de tal modo que era possível a um homem agachado esconder-se atrás dele; Tuner destaca que na batalha, esses escudos podiam ser encaixados uns nos outros e assim formar uma parede na frente e uma cobertura sobre a cabeça. Este teólogo ainda acrescenta:

O couro [usado para cobrir o escuro] era embebido de água antes da batalha, e isso ajudava a apagar as setas incendiadas que vinham chiando sobre os escudos e queimariam escudos puramente de madeira até que os escudeiros os deixassem cair em pânico. [11]
O diabo é um inimigo impiedoso, cruel e sanguinário. Não à toa Jesus o chama de “homicida” (Jo 8.44). Não bastasse armar contra nós “astutas ciladas”, isto é, armadilhas para nos aprisionar, o inimigo de nossas almas ainda atira contra nós seus “dardos inflamados”. Na antiguidade, essa tática valia-se do uso de lanças (maiores) ou dardos (menores, como flechas) que traziam em suas pontas pedaços de tecido ou couro chamuscados com líquido inflamável; ateava-se fogo antes e então atirava-os na direção dos adversários. No sentido espiritual fala da violência com que Satanás ataca para destruir-nos. Martinho Lutero, na sua famosa composição Castelo Forte, dizia:
“Nos tenta Satanás
Com fúria pertinaz
Com artimanhas tais
E astúcias tão cruéis
Que iguais não há na terra”
A fé em Deus, porém, é um poderoso escudo que o crente tem a seu dispor, para lançar ao chão todas as investidas atrozes. “O justo viverá da fé” (Hb 10.38) pois “esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1Jo 5.4). Quando as setas do medo, da angústia, da dúvida e da murmuração vêm para nos atingir e nos incendiar, o escudo da fé embebido na água do Espírito e da Palavra, neutraliza toda ação contrária e nos garante firmeza na batalha. Quando setas flamejantes de imoralidade sexual nos são lançadas, confiemos em Cristo e “cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.16). E assim como os soldados romanos criavam uma verdadeira parede em meio a batalha quando uniam seus escudos, aproximemo-nos também de nossos irmãos, unamo-nos a eles pela mesma fé no Senhor, e auxiliemos uns aos outros na vitória contra o inimigo. Já diz o ditado que “a união faz a força” (cf. Ef 6.18; Gl 6.1,2).
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5. Capacete da salvação (v. 17)

Os soldados romanos usavam o capacete de bronze equipado com faceiras (proteção para o rosto) e frequentemente decorado com grande variedade de figuras. O capacete protege a cabeça, que é parte vital do corpo.
No sentido espiritual, deve o crente vestir-se da salvação, isto é, a proteção assegurada pela participação na salvação de Deus. Taylor comenta que “Se os soldados entram na batalha alienados de Deus, estranhos e estrangeiros, sem Deus, eles não têm garantia de proteção. Mas se são participantes da graça de Deus para a salvação, eles serão ‘mais que vencedores’. Deus cuida dos que lhe pertencem: ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?’ (Rm 8.31; cf. Rm 8.37-39)” [12].
Descrentes e desviados não vencem batalhas no reino espiritual. Fatidicamente estão derrotados e são prisioneiros de satanás! Somente os que têm uma mente revestida pela salvação de Cristo é que desfrutam de proteção.

6. Espada do espírito (v. 17)

Citando o último armamento da armadura, Paulo apresenta a única ferramenta de ataque: a espada. Segundo Keener, “A espada de dois gumes (gladius, de 50 a 60 centímetros) era usada na batalha corpo a corpo, quando as lanças pesadas que os soldados da linha de frente carregavam deixavam de ser práticas” [13]
Na batalha espiritual, esta espada é a Palavra de Deus e ela é “espada do Espírito”, ou seja, o Espírito é que nos proporciona, pois “os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21) e é ele quem nos ajuda a manuseá-la, pois é ele quem nos ensina todas as coisas (Jo 16.13). Tuner explica a grande utilidade dessa ferramenta:
A igreja recebe uma arma não somente de defesa, mas para contra-atacar a investida dos poderes. Contra-atacar com a verdade quando somos tentados ao mal; contra-atacar com a verdade quando a igreja é atacada por falsos ensinamentos; contra-atacar com a verdade quando os poderes tentam impregnar o mundo à nossa volta com estranhas filosofias e ensinos éticos discrepantes; e finalmente lançar golpes vigorosos pela liberdade com a destemida proclamação da verdade cristã, tal como Paulo nos encoraja nos v. 19,20 [14]
Rememoremos: foi desferindo golpes contra Satanás através do bom manuseio da Palavra, que Jesus triunfou sobre ele na tentação do deserto. “Está escrito…”, disse Jesus, proclamando reiteradas vezes a verdade de Deus para afugentar o inimigo astuto. Mas atentemos: não basta recitar a Bíblia, muito menos manuseá-la irresponsavelmente (com má interpretação e distorções), é preciso usá-la no poder do Espírito e em comunhão com o Espírito, como Jesus que foram levado ao deserto pelo Espírito, guiado pelo Espírito e cheio do Espírito! “Enchei-vos do Espírito…”, já havia dito Paulo aos efésios (Ef 5.18). Ter o conhecimento das letras não é o bastante, é preciso ter a vida do Espírito em nós!

Conclusão

Ao final deste estudo, façamos sobre nós mesmos a seguinte avaliação: estamos devidamente equipados com toda a armadura de Deus? Que parte de nosso corpo está desprotegida e em que área da vida estamos sendo negligentes quanto à proteção espiritual? Estamos tentando vencer o adversário com nossas próprias forças, sem recorrer à fé, à oração, à Palavra e a comunhão com Deus? Cubra-nos Deus da cabeça aos pés, e faça-nos em tudo vencedores para a glória de seu nome! Não negligenciamos a salvação, a justiça, a verdade, a fé, o evangelho de paz nem a Palavra de Deus, antes apeguemo-nos firmemente a estas armas de defesa e ataque a fim de lograrmos êxito nas batalhas. Resistamos e avancemos!
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