Presidente brasileiro avaliou que não houve derrota de Guaidó diante das manifestações fortemente coibidas pelas tropas de Maduro
Michael Melo/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse na manhã desta quarta-feira (1º/05/2019) que não houve conversas do governo brasileiro com o dos Estados Unidos sobre o uso da fronteira para uma possível intervenção militar na Venezuela. “Por enquanto, não há nenhum contato nesse sentido. Se porventura vier, o que normalmente acontece, o presidente reúne o Conselho de Defesa, toma a decisão e comunica o Parlamento”, disse o chefe do Executivo nacional, após participar de uma reunião no Ministério da Defesa.

Bolsonaro ainda considerou que não houve derrota do oposicionista Juan Guaidó em relação às manifestações dessa terça-feira (30/04/2019), fortemente reprimidas pelas tropas do presidente Nicolás Maduro, em Caracas. “Não tem derrota nenhuma. Eu até o elogio. Reconheço o espírito patriótico e democrático que ele [Guaidó] tem por lutar por liberdade em seu país”.


O titular do Palácio do Planalto disse existir uma “fissura” na cúpula das forças venezuelanas e que isso pode provocar a queda do governo Maduro. “O informe que nós temos é que existe uma fissura, sim, que mais se aproxima da cúpula das Forças Armadas. Então, existe a possibilidade de o governo [Maduro] ruir pelo fato de alguns da cúpula passarem para o outro lado”, avaliou.
Ao sair da reunião, Bolsonaro manifestou preocupação com uma possível alta do preço de combustível e com problemas no fornecimento de energia elétrica para o estado de Roraima em decorrência do conflito no país vizinho.

“É um problema sério, Guri não fornece mais, não é nenhum boicote, mas, ao não fazer a manutenção das linhas de transmissão, não recebemos mais energia da Venezuela. É uma questão emergencial e nós não podemos continuar de forma eterna com a energia de óleo diesel porque o Brasil paga mais de R$ 1 bilhão por ano para a energia de Roraima”, disse o presidente, referindo-se ao fornecimento que é realizado pelo país vizinho.

Participaram do encontro, além do presidente, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do Ar Raul Botelho, os comandantes das três forças, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.

Ao falar sobre a questão dos combustíveis, visto que a Venezuela é um importante fornecedor internacional e que uma possível crise pode ter influência no preço da commoditie, Bolsonaro citou a política da Petrobras de não intervenção nos preços praticados pela estatal brasileira. O presidente não deixou claro se vai ou não interferir novamente nos valores.

“Agora, uma preocupação existe sim. Com essa ação, com embargos, o preço do petróleo, a princípio, sobe, e nós temos de nos preparar, dada a política da Petrobras de não intervencionismo nessa parte. Poderemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece lá [na Venezuela]”, declarou o presidente.


“A política de reajuste adotada pela Petrobras é essa e vamos conversar para nos anteciparmos a problemas de fora que vieram de forma bastante grave aqui para dentro do Brasil”, complementou.
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