Professores recomendam a leitura de modelos que tiveram boa avaliação em provas anteriores para se preparar
Igo Estrela/Metrópoles

O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das grandes preocupações dos candidatos com a prova. No entanto, com orientação de professores e um pouco de prática, é possível garantir uma boa nota no teste organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Esta é a terceira matéria da série sobre o Enem 2019, que o Metrópoles faz com o objetivo de dar dicas aos estudantes que se preparam para as provas a serem realizadas nos dias 3 e 10 de novembro. A redação é feita no primeiro dia do exame.


Para conseguir um bom desempenho, é preciso entender quais são os critérios de correção, segundo o professor de redação e supervisor pedagógico do Sigma, Eli Carlos Guimarães. “A despeito de [o estudante] escrever bem ou mal, têm particularidades que ele deve conhecer”, comentou.
Além disso, ressalta Guimarães, é importante ler textos com notas elevadas no exame. “E treinar, mas tendo correção orientada [de um professor ou orientador]”, acrescentou.

Um dos itens mais importantes que o aluno deve ficar atento é a proposta de intervenção a ser apontada na redação. “É importante saber o funcionamento do Estado brasileiro, quais os entes principais e as áreas de atuação. Se o tema é ‘trabalho análogo à escravidão’, não pode apontar o Ministério da Educação como o agente pertinente para resolver o problema”, explicou.

Padrão

Guimarães explica que a redação do Enem segue um modelo já identificado pelos professores. “É o que chamamos de modelo cartesiano, tem uma introdução clássica com a apresentação do tema, os argumentos, a tese a ser defendida, o desenvolvimento dos argumentos e a conclusão com uma proposta de intervenção”, detalhou.
No entanto o professor reclama que a prova explora esse único modelo. “O aluno deixa de ver o que é um artigo de opinião, editorial, crônica, ensaio. A educação brasileira, em relação ao Enem, virou treinamento intensivo de um modelo estrutural da construção das informações”, opinou.

Possíveis temas
Além de ser importante entender o modelo de redação exigido pelo Enem, é preciso ficar atento aos possíveis temas. A professora de português e coordenadora pedagógica do Olimpo, Raquel Sampaio, sugere algumas dicas.


Os principais temas comentados em sala de aula foram a situação do idoso na sociedade, desafios relativos à mobilidade urbana, esporte como forma de interação e reintegração social, criação da identidade nacional, empreendedorismo, uso de álcool por adolescentes. “Espera-se que, neste ano, a banca proponha temas de caráter social, mas que não apresentem forte posicionamento ideológico para nenhum grupo minoritário”, opinou.
Os professores, de acordo com o estudante Samuel Mendes, 18, cobram o tempo todo e dão instruções de como melhorar a escrita e ter embasamento para discorrer sobre qualquer assunto. “A melhor dica que estão dando é: tentar fazer redações de temas menos polêmicos, como de cunho social das minorias ou sobre o meio ambiente. Afinal, é mais cômodo para o governo evitar entrar nesses assuntos que eles têm uma posição delicada em relação à maioria da população”, argumentou.


Samuel cria estratégias próprias na hora da prova e garante que isso ajuda. “Você precisa ter horário de ir ao banheiro, para começar a redação, quando passará a prova para o gabarito, e quanto tempo demora para fazer tudo”, aconselhou. E ainda acrescenta: “Quem está perdido e não estudou nada, o melhor a fazer é tentar conhecer como funciona a prova e estudar os assuntos mais recorrentes”, finalizou o estudante.
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