De acordo com o delegado Rafael Duarte, responsável pelas investigações, será feita uma análise de DNA para confirmar o que a mulher diz. Caso ocorreu em Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.

Uma camareira de 37 anos esteve na Delegacia do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, nesta quarta (16), e afirmou que é a mãe da recém-nascida encontrada dentro de uma caixa de papelão em Gaibu, no fim de semana. De acordo com o delegado Rafael Duarte, responsável pelas investigações, será feita uma análise de DNA para confirmar o que a mulher disse

A Polícia Civil investiga o crime de abandono de incapaz. "A gente faz uma confrontação de DNA para confirmar a versão dela. A gente precisa confirmar isso de maneira formal e documentar. Ela pode responder pelo crime de abandono de incapaz, mas preciso ainda analisar todo o contexto para chegar a esse crime. Tem que ir com calma", ponderou o investigador.

A camareira chegou para o depoimento acompanhada da mãe, uma pensionista de 60 anos, e da advogada Sandra Filizola. Ela ficou na delegacia por quase duas horas e não quis falar com a imprensa.


De acordo com a advogada, a camareira já tem quatro filhos e duas netas e disse, no depoimento, que escondeu a gravidez de todo mundo.


"Ela tem quatro filhos, duas netas, e cria com a mãe. Nunca rejeitou, nunca abortou. Nessa gravidez, teve problemas depressivos e ficou com medo de dizer que estava grávida e também com medo que a mãe não desse conta de mais uma criança".



Outro receio, segundo Sandra, era a respeito do suposto pai da recém-nascida. "Ela tem um relacionamento e ele falou que teve um problema de saúde e não poderia ter filhos. Ela ficou com medo de que ele achasse que não era dele", afirmou.


A mulher também deu detalhes sobre o parto e abandono da recém-nascida, mas negou que a menina tenha sido deixada no lixo.


"Na sexta (11) ela saiu do trabalho e foi para uma casa de veraneio da família em Gaibu. No sábado (12) o bebê nasceu", afirmou a advogada.

Sandra Filizola afirmou que a cliente tentou falar com o suposto pai do bebê, mas se desesperou ao não conseguir contato com ele.


"Ela teve o parto, passou o dia com a filha esperando que o pai fosse lá, porque ela ligou para ele e disse que queria falar com ele, mas não disse do que se tratava. Ele ficou com o telefone fora de área, ela não conseguia falar com ele e ficou desesperada", relatou.

Após o parto, que teria sido feito sem nenhuma ajuda, a camareira afirmou para a advogada que amamentou a criança e colocou em uma caixa na intenção de deixar em um posto de saúde, mas que tinha muita gente na rua.


"Ela voltou e colocou em uma calçada de uma loja de confecções, embaixo de uma coberta, para que não molhasse se chovesse. E ela voltou para casa. Ela nega completamente a história da lixeira, não existe", garantiu Sandra Filizola.


A advogada contou que apenas após voltar para casa, em Olinda, a camareira disse para o suposto pai da menina o que aconteceu.

"Segunda à noite, eles chamaram um carro para ir até a maternidade pegar a criança, mas o motorista cancelou a corrida e aconteceu tudo isso", disse.


A ideia da mulher é ficar com a recém-nascida. "Ela tem intenção de ficar com a criança, a avó também e o pai disse que vai fazer DNA, mas paga as despesas da criança. Acredito que ela esteja em um estágio puerperal. Ela está muito apática, em estado de choque. Nós vamos lutar para ter essa criança de volta", destacou.


Segundo Filizola, a camareira também foi encaminhada para um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Olinda. "Amanhã ela já vai começar a ser atendida. Ter todos os atendimentos de saúde, inclusive psicológico", frisou.

Na segunda (14), uma mulher de 32 anos também se apresentou afirmando ser mãe da recém-nascida, mas parentes dela foram ouvidos e relataram que ela vinha enfrentando problemas psicológicos e que, com certeza, não é a mãe da menina.


Para que fosse solicitado exame de DNA, ela teria que ter apresentado provas consistentes de que seria a mãe, o que não aconteceu.

A recém-nascida foi encontrada pelo mecânico Luiz Paulo Silva Santos, de 35 anos, no Loteamento Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, no domingo (13).


Ele estava indo pescar, quando ouviu o choro e localizou a bebê, socorrida inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.


A menina, depois, foi transferida para o Hospital Infantil do Cabo e, posteriormente, para a Maternidade Padre Geraldo Leite Bastos, em Ponte dos Carvalhos, que é referência no município em acolher recém-nascidos (veja vídeo acima). Profissionais do local, sensibilizados com a história, doaram roupas e fraldas para a menina.