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Aliado de Bolsonaro, pastor Silas Malafaia debocha de cabos eleitorais que buscam ajudar ex-presidente e ex-juiz a ganhar votos evangélicos


São Paulo – Enquanto os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) tentam abrir caminhos para conquistar o voto evangélico, a ala bolsonarista dos neopentecostais promete manter as igrejas fechadas para os adversários do presidente Jair Bolsonaro (PL). Aliado do atual mandatário, o influente pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, debocha dos esforços dos rivais.

“O que é esse jogo de Ciro, Lula e Moro? Eles perceberam que Bolsonaro foi eleito graças ao voto dos evangélicos. Nós representamos 32% do eleitorado. Só que os sistemas e os meios que estão usando não são meios para conquistar. Estão enganados e vão quebrar a cara com os evangélicos”, afirmou Malafaia em entrevista ao Metrópoles.

Pesquisadores consideram que a conquista majoritária do voto evangélico por Bolsonaro foi um fator decisivo para sua vitória na eleição de 2018. Não à toa Ciro já posava com a Bíblia na mão desde o ano passado, enquanto Moro e Lula tentam transformar pastores aliados em cabos eleitorais nas igrejas. Moro inclusive divulgou uma “Carta de Princípios aos Cristãos” na semana passada.




Presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), Malafaia ironiza a falta de influência dos pastores que apoiaram Lula e Moro. Influência política, aliás, é algo que Malafaia se vangloria de exercer, tanto nos templos quanto nos gabinetes.

Além disso, traz 3,3 milhões de seguidores no Instagram, 1,5 milhão de inscritos em seu canal no YouTube, 1,4 milhão de seguidores no Twitter e 3,2 milhões de seguidores no Facebook.


“Sei quem é quem no mundo evangélico. Quem está com Moro, com Ciro e com Lula não representa 1% dos evangélicos. São famosos zé-ninguém. Fico dando gargalhada”, debocha o pastor.

Em defesa de Mendonça
Mesmo na linha de frente em defesa de Bolsonaro, Malafaia já travou guerra contra ministros do governo pelo avanço da indicação do “terrivelmente evangélico” André Mendonça para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).


Malafaia precisou atuar em defesa da indicação de Mendonça, que ficou parada por quase cinco meses na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, presidida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM). Com a demora, o pastor criticou a falta de empenho do ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, senador Ciro Nogueira (PP), na aprovação da indicação. Quando Mendonça finalmente foi aprovado em dezembro no Senado, a artilharia cessou e o novo ministro do STF comemorou a aprovação em um culto na igreja do pastor.

Na última sexta-feira (11/2), o religioso foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto. “Se Bolsonaro aparecesse só na eleição de 2018 com posicionamentos evangélicos, ele estava perdido. Bolsonaro é isso há 20 anos”, diz o pastor.
Pela falta de apoio expresso a pautas defendidas por algumas lideranças evangélicas, como a proibição do aborto, Malafaia avalia que não será convincente o esforço de Moro, Lula e Ciro em se aproximar desse eleitorado.

“Você não conquista evangélicos com meia dúzia de palavras. Você conquista com sua história. Não adianta o Moro chegar agora, sendo que foi ministro da Justiça e nunca falou nada de aborto. Mesma coisa é o Ciro Gomes que tem posturas ideológicas que não têm nada a ver com cristianismo. Mesma coisa é o Lula que falou que igrejas eram responsáveis pelo aumento de coronavírus, cujo partido defende valores que vão contra nossos valores e princípios”, alega Malafaia, em referência a uma declaração de Lula de que “o papel das igrejas é orientar as pessoas, não é vender grão de feijão ou fazer culto cheio de gente sem máscara”.