PM agredida disse que tudo começou por um pedaço de pizza. 'Eu não aguentei e, dessa vez, eu gritei. Dei um grito muito alto', relata em entrevista ao Fantástico.


Um curso tático da Polícia Militar do Ceará com policiais femininas virou motivo de investigação após denúncias de agressão por parte de um instrutor. O treinamento inclui provas de resistência e de controle emocional, mas uma investigadora do Maranhão, de 53 anos, contou como as agressões mexeram com o seu psicológico nos dias seguintes.


"Senti na hora aquela dor imensa, mas aí depois não é o que fica. É a dor interna, é o psicológico que fica. Eu acho o tempo todo que estou no curso", diz a policial ao Fantástico.

Ela conta quais foram os motivos que a levaram a denunciar o caso. "Eu participo de grupos de empoderamento da mulher. Então, para mim, seria até vergonhoso se deixasse passar isso", conta.



A policial abandonou o curso no 8º dia, fez boletim de ocorrência, fez exame de corpo de delito e postou na rede social: "Essa agora sou eu, vítima de um macho escroto que se diz instrutor de curso! Um cabo da Polícia Militar do Tocantins", falou na publicação.

Segundo ela, o motivo da agressão por parte do PM Rafael Ferreira Martins não teve relação com o treinamento e, sim, por causa de um pedaço de pizza.


"Os instrutores foram comer uma pizza e dividiram algumas alunas para fazer a limpeza. De repente, ouço aquele barulho e ele falando: 'Roubaram a minha pizza, cadê a minha pizza?'. Foi muito rápido e ele começou a atingir as meninas com paulada. Umas dez mulheres foram agredidas", relata.

Ela conta que o instrutor pediu para ficarem em posição de flexão e iniciou as agressões.


“Teve essa coisa da humilhação, de me sentir a pior das mulheres”, conta ela.

A policial conta que se rebelou no momento da agressão. "Foi com muito mais violência, com muito mais ódio. Eu não aguentei e, dessa vez, eu gritei. Dei um grito muito alto", conta ao Fantástico.

Em nota, a assessoria da cantora disse que ela retornava de uma agenda de shows quando o acidente aconteceu. A cantora está entre os feridos, mas segundo a equipe, ela está em observação e o estado de saúde é estável.


"No momento ela se encontra bem, em observação e seu estado de saúde é estável. Alguns integrantes da banda foram transferidos para melhor acompanhamento. Todos eles estão sendo acompanhados por equipe médica. Agradecemos todas as mensagens recebidas de carinho e solidariedade, pedimos orações pela recuperação de todos", diz o comunicado.


Treze pessoas feridas foram levadas ao Hospital Municipal de Ipaumirim, onde ocorreu o acidente. Outras duas, com ferimentos mais graves, recebem atendimento na cidade de Icó.

Segundo Erik Moraes, advogado da policial agredida, Martins repetiu a posição para humilhar. "Atingir as mulheres na nádega de forma a causar uma vergonha extrema", argumenta.

Participação da esposa de Martins




Segundo a policial agredida, Martins também fez agressões verbais se baseando em sua origem e idade. "Ele falava: 'Essa velha que vem do Maranhão. Essa velha'", conta.

Testemunhando as agressões estava Laurice Maia, que é sargento da PM do Ceará e casada com o instrutor Martins.

"Eu sempre olhava para ela, como se estivesse pedindo uma explicação. Quando eu fui falar com ela, eu vi que ela estava de acordo com aquilo tudo", conclui.
Outro lado
O instrutor Martins foi afastado do curso logo após a denúncia. Daniel Maia, advogado que representa o instrutor e a sargento Maia refuta a versão de agressão.

"Esse caso é fruto de uma mentira, uma mentira deslavada dessa aluna", diz.

Ainda segundo o advogado, as lesões teriam ocorrido após um acidente no treinamento. "Ela caiu em cima de cocos e, portanto, os hematomas foram causados por esse instrumento que, na verdade, era um coco. Nada mais do que isso"

A policial chama a versão de absurda e reafirma que levou pauladas. O exame de corpo de delito aponta ferimento por um "instrumento de ação contundente".

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará disse que "detalhes da investigação não podem ser revelados" e que "todas as denúncias apresentadas passam por investigação preliminar para adoção de medidas na esfera criminal".



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